Em evento jurídico na capital paulista nesta sexta-feira (24), magistrado do Supremo defendeu também que aproximação do Judiciário com a população legitima suas decisões

“A independência do juiz é em favor do povo. Ele [o juiz] não é independente para dar a solução que quiser, pegar no telefone e se gabar daquela solução que ele deu”, defendeu Fux.
Ainda de acordo com o ministro, quanto mais o Poder Judiciário se aproxima do sentimento constitucional da população, mais a decisão de um juiz “se torna democraticamente legítima”.
“Evidentemente, não se está falando de pesquisas de opinião pública para saber como julgar ou a paixão passageira. Mas é aferir o sentimento constitucional do povo para dar mais efetividades àquelas decisões […] Quanto mais o Judiciário se aproxima do sentimento constitucional sólido do povo, mais as suas decisões serão respeitadas”, detalhou o magistrado.
Ministro foi alvo de críticas por defender absolvição de Bolsonaro
Ao longo do julgamento do núcleo 1 — que culminou na condenação de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus na trama golpista — Fux foi o único magistrado da Primeira Turma a votar pela absolvição do ex-presidente.
Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que integram o colegiado ao lado de Fux, se posicionaram a favor da condenação do ex-chefe do Planalto.
No decorrer de seu extenso voto, que durou cerca de 14 horas, Fux declarou que um juiz precisa de firmeza para condenar um réu e de “humildade” para absolvê-lo quando houver dúvida sobre as acusações.
Apesar disso, o posicionamento de Fux no julgamento gerou críticas a ele por acadêmicos, setores da sociedade e até mesmo de pares da Suprema Corte.
De volta ao julgamento do núcleo 4, nesta semana, o ministro rebateu essas críticas. Sem citar nomes específicos, ele fez referência a professores estrangeiros que “não conhecem a realidade brasileira, nem leram o voto sobre o qual comentaram”.
“Eu, que tenho quase cinco décadas de magistério, sendo professor, considero lamentável que a seriedade acadêmica tenha sido deixada de lado por um rasgo de militância política”, disse o magistrado.
Fux será transferido de turma no STF
No início da semana, Fux solicitou ao presidente do STF, ministro Edson Fachin, que fosse transferido da Primeira para a Segunda Turma da Corte. O pedido foi atendido por Fachin na quarta-feira (22).
Durante a finalização do julgamento do núcleo 4 do plano de golpe, Fux explicou que já havia combinado a troca com o ministro Luís Roberto Barroso, que se aposentou do Supremo. À época, Fux também se colocou à disposição para continuar nos julgamentos já agendados pelo colegiado da Primeira Turma.
A troca de Turma está prevista no artigo 19 do Regimento Interno do STF, segundo o qual “o ministro de uma Turma tem o direito de transferir-se para outra onde haja vaga; havendo mais de um pedido, terá preferência o do mais antigo”.
“Diante da ausência de manifestação de interesse de integrante mais antigo, concedo a solicitada transferência para a Segunda Turma, nos termos dos artigos 13, X e 19 do Regimento Interno desta Corte”, disse Fachin no despacho de quarta-feira.
Fazem parte também da Segunda Turma do Supremo os ministros Gilmar Mendes (presidente), Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça.
(Com informações de Davi Vittorazzi, Gabriela Boechat, Henrique Sales Barros e Luísa Martins)
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