Governo conta com oposição e Pacheco para frear PEC do Quinquênio no Senado

Planalto acha possível ganhar tempo e evitar que a proposta vá ao plenário antes de um debate mais profundo

CNN/Iuri Pitta

Governo conta com oposição e Pacheco para frear PEC do Quinquênio no Senado

 

Os sinais de alerta para o impacto fiscal da PEC do Quinquênio, uma mudança na Constituição para fixar bônus por tempo de serviço a integrantes de carreiras jurídicas, foram eloquentes.

Para pisar no freio dessa pauta-bomba, integrantes do governo Lula esperam contar com os pés não só dos aliados, mas da oposição e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A proposta teve aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, presidida por Davi Alcolumbre (União-AP), na quarta-feira (17) e, por isso, despertou preocupação no governo – foi um dos assuntos do almoço que reuniu ministros e líderes com Lula, no Palácio do Planalto, na sexta-feira.

Embora a medida seja de autoria de Pacheco, que previa o pagamento do quinquênio para integrantes do Judiciário e do Ministério Público, o relator, senador Eduardo Gomes (PL-TO), incluiu advogados-públicos da União, procuradores dos estados e do Distrito Federal, ministros e conselheiros de tribunais de contas.

Por isso, o Palácio do Planalto acha possível ganhar tempo e evitar que a PEC vá ao plenário antes de um debate mais profundo, incluindo a mobilização de governadores, que vão arcar com boa parte do aumento de despesas.

Mas o governo federal também espera ser possível convencer senadores da oposição e o próprio Pacheco acerca do timing inadequado da proposta – um momento em que as contas do governo federal ainda apresentam déficit e o Congresso vai discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 com a meta fiscal revista para baixo, adiando para o próximo mandato presidencial a redução da dívida bruta da União.

Nas contas dos articuladores de Lula, ainda não haveria os 49 votos de senadores para aprovação em plenário da proposta. O raciocínio do Planalto é de que seria contraditório que parte da oposição, defensora da política fiscal do ex-ministro Paulo Guedes durante o governo Jair Bolsonaro (PL), votasse a favor do que, na prática, significaria constitucionalizar um penduricalho para algumas das já mais bem remuneradas categorias do serviço público.

Tudo isso ocorre em um momento de dúvidas sobre a capacidade de articulação do governo no Congresso e em que o próprio Lula terá conversas com Pacheco e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Apesar desse cenário, o Planalto avalia que tem conseguido fazer andar sua agenda e emplacado vitórias em votações que não chamam tanta atenção quanto o ruído das últimas semanas.

Um exemplo é a votação do retorno do DPVAT com um dispositivo que antecipa a liberação de R$ 15,7 bilhões que poderão custear emendas parlamentares. Executar esses pagamentos, indicados tanto por governistas quanto membros da oposição, também é um bom argumento para fazer avançar algumas medidas e frear o ímpeto de outras.

Além disso, verifique

EUA inclui Petro na lista do OFAC. Entenda significado da sanção

Presidente da Colômbia foi alvo de sanções dos Estados Unidos por suposto envolvimento com o …