Uma ala dos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já defende internamente que redução da taxa deve ser de 0,75 ponto percentual
EXAME/Antonio Temóteo

Os dados do Boletim Focus do Banco Central (BC) e a deflação de julho de 0,07% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) deram ânimo ao governo para pressionar ainda mais a autoridade monetária pela redução de 0,5 ponto percentual da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 1 e 2 de agosto. A redução das estimativas de inflação do mercado e queda do IPCA-15 já levou parte dos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a defender internamente um corte de 0,75 ponto percentual para estimular a economia e a concessão de crédito, apurou a EXAME.
Esses auxiliares de Lula acreditam que o primeiro corte em um percentual elevado será uma sinalização positiva e trará estímulo aos empresários para realizarem investimentos, hoje praticamente paralisados diante do tamanho dos juros no país. Para muitos é melhor manter o dinheiro aplicado do que tomar risco. Entendem que a Selic elevada inviabiliza qualquer aporte para ampliação de capacidade e tem estrangulado o caixa das companhias.
“Assim como nos dois primeiros mandatos, Lula está focado em estimular o consumo interno como forma de impulsionar a economia. Recentemente, o governo incentivou a compra de carros novos no limite de até R$ 120 mil, ampliou o teto para compra de imóveis do Minha Casa Minha Vida e agora está com estudos avançados para reduzir o preço do fogão e da geladeira, a chamada linha branca. Mas o ganho de escala dessas medidas depende da queda juros”, disse um auxiliar do presidente à EXAME. “Além disso, depois de tanto prorrogar, o governo vai lançar agora em agosto o PAC e incentivar a contratação de mão de obra formal.”
Pressão de Lula e ministros deve aumentar
A avaliação interna é a de que o governo fez o dever de casa: o Ministério da Fazenda demonstra cuidado com as contas públicas, a ala política está construindo uma base no Congresso com o embarque do Centrão à gestão petista e só faltaria a queda de juros para acelerar a atividade econômica, o que fará a arrecadação de tributos crescer. Na prática, isso dará sustentação ao arcabouço fiscal e ao equilíbrio das contas públicas.
A pressão do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e dos ministros sobre a diretoria do BC, que hoje tem dois indicados pela gestão petista, deve aumentar ainda mais nesta e na próxima semana.
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