Ministro Haddad disse que vai conversar com o ministro da articulação política sobre o assunto e defendeu “arrumação das contas públicas”
Metrópoles/Flávia Said
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (2/4) que não foi avisado pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da decisão de trazer de volta a desoneração da folha dos municípios.
A decisão de Pacheco foi tomada na segunda-feira (1º/4), ao prorrogar trechos da medida provisória (MP) nº 1.202/2023, por mais 60 dias, e deixar outros trechos perderem a validade.
A consequência prática dessa decisão foi que a desoneração da folha de pagamento dos servidores dos municípios foi retomada, o que custará R$ 10 bilhões aos cofres públicos, na estimativa da Fazenda. Dessa forma, a alta na alíquota de 8% para 20% sobre a folha não passará a valer.
Questionado se o senador havia sinalizado alguma intenção de mudar a MP para a Fazenda, Haddad respondeu: “Para mim, não. Ele conversou com o ministro [Alexandre] Padilha [da Secretaria de Relações Institucionais]. O ministro Padilha me ligou, mas eu não havia conversado sobre isso com ele”.
Haddad completou: “Eu prefiro nem comentar sem saber melhor qual foi o procedimento adotado, porque a medida provisória já tinha sido recepcionada com aquele acordo de tirar os 17 setores e tramitar por projeto de lei com urgência constitucional. Então, eu vou conversar com o ministro Padilha para entender melhor, mas já está tramitando na Câmara um projeto para sanar em parte esse problema”.
O titular da pasta ainda chamou o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), a desoneração da folha de pagamento de 17 setores e a questão dos municípios de “problemas”.
“Nós temos de fazer um balanço de tudo o que vai ser aprovado agora, porque o Perse é um problema, a desoneração da folha é um problema e a questão dos municípios é outro problema. Então, eu sempre digo, você fixa uma meta de resultado primário e encaminha as leis que vão dar consistência para essa meta. E o trabalho que nós estamos fazendo junto ao Congresso é no sentido de convencer os parlamentares de que nós precisamos encontrar fonte de financiamento das despesas criadas. Foram criadas despesas no período anterior que precisam de fonte de financiamento”, destacou.