O detalhe é que, ao justificar sua posição, Carlos Frederico mandou recado para Alexandre de Moraes. Escreveu o subprocurador-geral da República:
“O tempo vem evidenciando que, sob a motivação de apuração de ataques à Democracia e ao Estado de Direito, determinadas investigações têm angariado objeto amplo e periodicamente modulado, para alcançar fatos e pessoas distintas, em pontos de investigação separados por apensos e novos procedimentos investigatórios criminais, sem relação de conexão ou continência”.
“Afigura-se necessário estabelecer filtragens a petições com claro viés político, que pretendem causar confusão jurídica e incriminar opositores por meio de conjecturas e abstrações desprovidas de elementos mínimos.
De modo que deve ser negado seguimento a pleitos manifestamente descabidos, otimizando os misteres funcionais dos órgãos ministerial e jurisdicional, com distanciamento do aparato judiciário das divergências políticas e ideológicas entre candidatos e partidos em período eleitoral e pós-eleitoral.”
Carlos Frederico externou ao próprio Alexandre de Moraes uma crítica recorrente feita pela cúpula da PGR ao ministro do STF.
Ressalte-se que a vice-procuradora-geral da República na gestão de Augusto Aras, Lindôra Araújo, chegou a afirmar que Moraes praticou “fishing expedition” [ou pescaria probatória] ao determinar a apreensão dos celulares de Bolsonaro e Mauro Cid.
Por essa ótica, a apreensão dos aparelhos teria objetivo de checar o cometimento de possíveis crimes não relacionados à investigação original, que mirava fraude em carteiras de vacinação.
O pedido de inclusão de Lula no inquérito que mira Bolsonaro havia sido feito pelo deputado bolsonarista Rodrigo Valadares, que citou um relógio Piaget de R$ 80 que Lula ganhou do ex-presidente da França Jacques Chirac.