Investidores debatem risco de BC perder rédea da inflação com escalada em gasto com juro da dívida pública

Money Times / Por: Reuters

Capital Economics disse estar claro que o Brasil não está em um quadro de dominância fiscal. (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

 

A escalada da despesa do governo com juros da dívida pública em um cenário de prêmio de risco elevado e expectativas de mercado não respondendo propriamente à atuação do Banco Central colocou na pauta de investidores um debate sobre riscos de o país entrar no estado chamado de dominância fiscal, o que deixaria a autoridade monetária sem as rédeas para o controle inflacionário.

O tema ganhou destaque em reuniões de membros da diretoria do BC com investidores em Washington na última semana e passou a ocupar a pauta de análises de corretoras e bancos de investimentos no Brasil, segundo relatos feitos à Reuters, embora especialistas e membros do governo ainda não vejam elementos que levem a essa conclusão.

A dominância fiscal é caracterizada por uma perda de eficácia da política monetária em cenário de desarranjo das contas públicas. Em ambiente desse tipo, uma alta nos juros básicos pelo BC para domar os preços eleva o gasto do governo com pagamento de juros da dívida pública e aumenta o problema fiscal a ponto de deteriorar expectativas de mercado, afetando condições financeiras, o que acaba por pressionar ainda mais a inflação.

O ex-secretário do Tesouro Paulo Valle, diretor-geral da IRB Asset, esteve na última semana em Washington, onde ocorreram reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial e eventos paralelos, e disse que viu investidores brasileiros “pessimistas e alarmados” com o que classificou como uma antecipação de um possível problema fiscal no país.

Na mesma linha, uma fonte que lidera as análises de um grande banco de investimentos no Brasil disse, sob anonimato, ter ouvido de investidores preocupações sobre o risco de dominância fiscal, com dúvidas em relação à sustentabilidade da dívida pública, que é considerada grande mesmo com a Selic em um nível que ainda não é alto o suficiente para segurar a atividade e a inflação.

“O Brasil tem um passado que nos condena. Então a gente tem receio sempre”, disse Valle. “Eu acho que a gente não chegou a esse ponto (de dominância fiscal), o Banco central fez um bom trabalho e continua com o leme na mão.”

Ao avaliar que o cenário macroeconômico do Brasil no momento vai “relativamente bem”, Valle disse acreditar que o governo tem os instrumentos para reverter a perspectiva de piora fiscal por meio do controle de despesas, mas precisa ter convicção e vontade política.

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