Presidente brasileiro participa de cúpula de países amazônicos na Colômbia

“Tem que ter uma governança mundial e, para isso, não pode acabar com o multilateralismo. Você não pode fazer o que o presidente americano está fazendo, tomando decisões sozinho, sem levar em conta a Organização Mundial do Comércio (OMC), a ONU, nada. É nesse clima que a gente vai chegar à COP30”, disse Lula.
O presidente brasileiro explicou que já enviou uma carta pessoal a Trump e que todos os líderes mundiais receberão convites assinados por ele. “Ele está sendo convidado, e cada presidente vai receber uma carta com a minha assinatura, para demonstrar que vamos tratar a COP com seriedade”, afirmou.
Em tom firme, Lula reiterou que a conferência de Belém precisa ser “a COP da verdade”, marcada por compromissos efetivos dos países desenvolvidos e não apenas por promessas.
Cooperação regional
Durante o discurso, Lula anunciou a inauguração, no dia 9 de setembro, em Manaus, do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, com a participação dos oito países da (OTCA) Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. O objetivo será reforçar o combate ao garimpo ilegal, ao narcotráfico e ao contrabando de armas.
O presidente também destacou que a COP30 não pode repetir o padrão de encontros anteriores, nos quais muitas decisões foram aprovadas, mas poucas colocadas em prática. Ele lembrou compromissos descumpridos, como os US$ 100 bilhões anuais prometidos para financiar ações de preservação das florestas, além do Protocolo de Kyoto e do Acordo de Paris.
“De promessa nós estamos cheios. O que é importante é que cada um de nós faça a nossa parte”, declarou.
Protagonismo amazônico
Lula defendeu que os países da região cheguem a Belém com metas climáticas claras (NDCs) e cobrou maior responsabilidade das nações ricas. “É preciso garantir a sobrevivência dos povos indígenas, ribeirinhos, seringueiros, pescadores e pequenos trabalhadores rurais que vivem na Amazônia. Se querem a floresta em pé, precisam ajudar a pagar por isso”, afirmou.
O presidente ressaltou ainda o simbolismo de sediar a COP na Amazônia: “Não vai ser Paris, não vai ser Dubai. Vai ser Amazônia. Queremos que vejam a realidade da floresta, dos rios e dos povos que vivem lá”.
Lula concluiu reforçando que tratará a conferência como um marco decisivo: “Eu não quero uma COP de discursos e panfletos, quero uma COP de conclusões. É a chance de dar um passo adiante e sair da mesmice em que estamos”.