Metanol é toxico e corrosivo, mas pode estar no tanque do seu automóvel

Material é perigosíssimo, mas não faltam postos desonestos que o misturam criminosamente ao combustível

CNN Brasil/Boris Feldman

Carro abastecido a etanol em posto de combustível no Rio de Janeiro (RJ) • Sergio Moraes/Reuters

 

O metanol é um álcool perigoso e proibido, mas tanto ele como o etanol são – aparentemente – bem recebidos pelo motor. O álcool etílico vem da cana, milho e outros vegetais. O metílico é obtido, em geral, do gás, é tóxico e prejudica a saúde. O primeiro, sem água (anidro), é adicionado à nossa gasolina. Ou vendido com 8% de água (hidratado) na bomba.

O metanol é um álcool que deveria ser utilizado exclusivamente na indústria, como matéria-prima ou solvente para a produção de desinfetantes, resinas acrílicas, fibras de poliéster, biodiesel e na indústria farmacêutica.

Mas ele vai parar também no posto, misturado à gasolina (ou ao etanol), pois tem custo muito inferior. É importado, em geral, dos Estados Unidos, com permissão específica da ANP para a indústria que comprove sua necessidade no processo produtivo. Entretanto, é desviado e fornecido diretamente a algumas distribuidoras, que o acrescentam no combustível a ser fornecido nos postos.

A ANP flagra estes desvios, algumas vezes pelas próprias estatísticas que acusam as distorções entre o volume da matéria-prima e do produto final. E flagra caminhões-tanque nas estradas levando metanol para as distribuidoras de combustíveis. Produtores de biodiesel, por exemplo, chegam a importar até dez vezes mais metanol do que necessitariam em seu processo de fabricação. Evidência de que o estão fornecendo clandestinamente para a adulteração de combustível.

Quais as consequências do uso do metanol?

No caso da gasolina ou etanol contaminados pelo metanol, há fortes chances de distúrbios orgânicos como diarréia, tonteira, vômitos e cegueira em casos extremos, pelos danos ao sistema nervoso. Já se registraram casos da ingestão do etanol com alto percentual de metanol que provocaram diversas mortes no Brasil. Frentistas de postos que lidam com metanol costumam também apresentar sintomas, pois o respiram durante horas a fio e podem também serem afetados por eventual contato com a pele.

O metanol é utilizado em carros de competição nos Estados Unidos, pois aumenta o desempenho do motor. Porém, um dos perigos é sua chama invisível e, por isso, difícil de apagar o incêndio que provoca. Não é incomum, em corridas nas pistas norte-americanas, ver um vídeo mostrando um piloto que sai às pressas do carro e rola no chão para apagar um incêndio imperceptivel.

Em motores normais, não preparados para recebê-lo, o metanol é corrosivo e provoca danos em seus componentes.

Infelizmente, prática é bastante comum

As estatísticas apontam que, em 2023, cerca de 1,5 milhão de automóveis foram abastecidos no Brasil com combustível adulterado com metanol. Um posto em Jundiaí (SP) foi flagrado pela polícia recentemente com etanol que o continha na proporção de 98%. Ou seja, quase metanol puro.

Segundo a ANP, o percentual máximo de metanol presente num combustível é de 0,5%. Mas ele se parece fisicamente com o etanol e detectá-lo no posto só é possível com um reagente (agente químico) que muda a coloração com a sua presença.

A dificuldade do motorista para evitar o combustível fraudado com o metanol é a impossibilidade do crime ser percebido pelos dispositivos que os postos são obrigados a dispor caso se exijam testes de qualidade. Ele pode provocar a corrosão de alguns componentes do motor, mas sempre a longo prazo, de modo a ser impossível identificar em qual posto o carro foi abastecido com o combustível fraudado.

Ou contar com a fiscalização muitas vezes precária da ANP. Como no final de 2024, quando ela reclamou corte de verbas pelo governo federal que a impossibilitou de exercer um controle mais rígido de qualidade nos postos. O motorista conta com uma única pista: desconfiar do preço baixo nas promoções feitas pelos postos desonestos que praticam impunemente esta criminosa mistura.

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