Após chamar ex-presidente de covarde, pastor afirma à CNN que se mantém aliado de primeira hora e cita bíblia para argumentar que correção produzirá “fruto de justiça”
CNN Brasil/Jussara Soares
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, diz ter “voo próprio” que o credencia a fazer críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por não ter se engajado na campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, diante do crescimento do empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB).
“Eu não sou bolsonominon, sou aliado de primeira hora”, disse à CNN. “Eu tenho voo próprio. Não sou marionente de ninguém, não sou político. Eu sou livre”, reforçou.
Apesar das críticas públicas, o líder evangélico e aliado de longa data do ex-presidente, diz que seguirá apoiando Bolsonaro e o não o julgará por erro. A declaração foi dada após Malafaia, em entrevista à Folha de São Paulo, chamá-lo de “covarde” e “omisso”.
“Eu continuo apoiando Bolsonaro. Não julgo a história de um homem por um erro. Ele tem uma trajetória, diferentemente de Marçal que é um oportunista de momento”, disse Malafaia.
Durante o primeiro turno das eleições de São Paulo, Malafaia assumiu a missão de confrontar Pablo Marçal que avançava sobre o eleitorado evangélico e de direita.
Malafaia disse que antes de conceder a entrevista à Folha, já havia dito isso diretamente a Bolsonaro e aos filhos. E reclamou que ninguém do clã criticou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) que endossou a candidatura do Marçal
“Não vi nenhum filho de Bolsonaro criticar o Nikolas. Eles têm que lavar a boca para falar de mim. Tem que ficar caladinhos. Ninguém colocou um post em favor de Nunes, passaram o tempo inteiro dando sinal duplo para o povo. Eu não vou me calar”, disse o pastor.
O pastor também afirmou que o atual desentendimento com a família Bolsonaro não é suficiente para dividir a direita.
“Isso não divide a direita, mas se Marçal ganhasse ia dividir a direita e levar metade dos evangélicos. Avisei a Bolsonaro que ele (Marçal) é uma farsa, um mal para direita e todo o Brasil”, disse.
Questionado pela CNN se fará as pazes com Bolsonaro após a bronca pública, Malafaia citou um verso bíblico.
“Está em Hebreus 12, versículo 11: ‘A correção no momento não é de alegria, mas de tristeza. Mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados pela correção’”, disse. “Estou ajudando Bolsonaro, se ele não entender que sou o maior aliado dele…”