Aquisição da PF inclui 112 blindados que serão usados na segurança presidencial e de autoridades estrangeiras; orçamento é de R$ 69 milhões
Metrópoles/Petrônio Viana
A Polícia Federal (PF) vai renovar sua frota de veículos blindados para enfrentar o poder de fogo do Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras facções criminosas. Os carros da categoria SUV serão usados na segurança presidencial e de autoridades estrangeiras, de candidatos à Presidência da República e no transporte de testemunhas, membros do Judiciário e do Ministério Público sob ameaça.
A compra inclui 112 veículos para a PF, 6 para a Polícia Civil do Distrito Federal e 15 para a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), órgãos que aderiram à ata de preços. No total, os 133 carros blindados vão custar R$ 69,3 milhões. Dividida em 2 lotes, a licitação exige blindagem de níveis III ou IV para a segurança presidencial e nível III-A para as demais funções.
A blindagem de nível III-A é a mais aplicada no Brasil atualmente. Ela é capaz de suportar disparos de armas de calibre .22, 9mm, .38, .44, .45, .357 e 12. Para a blindagem de nível III, é necessário apresentar ao Exército uma justificativa para o reforço, capaz de resistir a tiros de fuzil calibre 7.62.
A blindagem de nível IV é proibida no Brasil. Ela tem capacidade para resistir a explosões de granadas e disparos de armas de grande porte, de uso restrito das Forças Armadas. O termo de referência da licitação, no entanto, não menciona a blindagem desse nível.
“Há que se considerar a necessidade da Diretoria de Proteção à Pessoa – DPP/PF para o atendimento de suas funções precípuas, dentre a proteção a autoridades nacionais e estrangeiras, proteção ao depoente especial, segurança orgânica institucional e segurança em grandes eventos. Dessa forma, para a proteção do Senhor Presidente da República, bem como de outras autoridades do mais alto escalão dos Poderes, tem sido necessário o emprego de viaturas blindadas de maior capacidade de proteção, como nível III ou IV, não obstante a necessidade de serem empregadas viaturas com blindagem nível III-A, para os demais casos”, afirma o estudo técnico.
“Tal necessidade pode ser facilmente percebida em breve acesso aos noticiários onde se constata o emprego massivo de fuzis e granadas pela criminalidade brasileira, o que inviabiliza o uso de blindagem que não seja efetiva em repelir tais ameaças, notadamente quando da proteção de autoridades de maior visibilidade, como Chefes de Estado e de Governo de países com alto nível de risco”, aponta o documento.
No lote 1 da licitação estão 110 veículos SUV com blindagem nível III, cada um orçado em R$ 468 mil. No total, o lote vai custar R$ 51,4 milhões. No lote 2 estão 23 carros com blindagem nível III-A, orçados em R$ 776,2 mil cada um. O total do lote foi calculado em R$ 17,8 milhões.
Preocupação
Alguns trechos da licitação demonstram a preocupação da PF com o poder de fogo das facções criminosas. “A blindagem de nível elevado torna-se essencial não apenas para a proteção de autoridades, mas também para garantir a integridade física dos policiais federais durante operações de alto risco, sendo capaz de suportar tiros de fuzil de assalto, como o 7.62x51mm NATO, amplamente utilizados pelo crime organizado”, afirma.
“Com o nível IV de blindagem, por exemplo, pode-se oferecer uma proteção adicional capaz de resistir a projéteis perfurantes de armaduras, garantindo um nível de segurança ainda maior a todos os envolvidos na operação. Isso é particularmente importante em cenários urbanos, onde a proximidade e o contato direto com criminosos armados são frequentes, aumentando o risco de confrontos diretos”, diz o estudo técnico.