Nova gestão paralisou a venda de novos ativos da empresa (Crédito: Foto: Marcos Peron/ Agência Petrobras)

Política de preços e distribuição de lucros: o que mudou na Petrobras no primeiro semestre?

ISTOÉ Dinheiro/BRUNO PAVAN
Nova gestão paralisou a venda de novos ativos da empresa (Crédito: Foto: Marcos Peron/ Agência Petrobras)
Mais de seis meses do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se passaram e a Petrobras sofreu diversas mudanças desde a paridade de preços internacionais até a distribuição e lucros e dividendos da estatal.
Sempre motivo de debate durante o período eleitoral, a empresa passou por grandes mudanças de gestão sob o comando de Jean Paul Prates (PT). A maior delas foi o fim da Paridade de Preços de Importação, que fazia com que o preço do petróleo fosse controlado pelo mercado externo. Isso beneficiou os cofres da empresa e os acionistas majoritários, mas deixava o combustível mais caro para o mercado interno.

“Essa nova forma de precificação reduz a volatilidade do preço dos combustíveis domesticamente, por mais que ninguém saiba qual é a fórmula desse cálculo. Há fatores de amortecimento em relação aos preços internacionais e essa maior estabilidade nos preços é muito importante”, explicou o economista e diretor do Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento (IFFD), David Deccache. 

Vendas de ativos foram suspensas

A companhia sofreu um processo de desestatização e vendas de ativos, que começou ainda com a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e se fortaleceu com os governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).

Entre 2015 e o início de 2022 a estatal vendeu R$ 243,7 bilhões em ativos como a BR Distribuidora, polos de gás, gasodutos e campos de exploração. 

Promessa de campanha de Lula, a empresa afirmou que não vai realizar mais vendas, mas vai manter as que estiverem em fase de assinaturas e fechamento de contrato.
“Existe muita falácia em cima de empresa estatal, que é cabide de emprego, que serve para a corrupção, mas as maiores empresas do setor de petróleo do mundo são estatais, a única exceção é nos Estados Unidos. Além disso, a Petrobras é estratégica em se tratando de política econômica”, explicou o economista do Conselho Federal de Economia (Confecon), Fernando de Aquino.

Política de preços afeta a inflação

Um dos impactos diretos na mudança na política de preços da Petrobras é a inflação. Como o preço do combustível afeta toda a cadeia de produção, como os fretes, uma política de preços que priorize o mercado interno afeta no preço de vários produtos.

“O preço dos combustíveis se espalha para o conjunto da economia, porque eles são importantes componentes do custo de produção e das famílias. Se você está reajustando os preços domésticos baseados nos preços internacionais, a gente torna as variáveis econômicas domésticas extremamente incertas”, explicou Deccache. 

Mudanças eram esperadas pelo mercado

Por outro lado, com os preços mais baixos praticados após o fim da paridade de preços internacionais, a empresa anunciou que o percentual de remuneração aos acionistas caiu de 60% para 45% do fluxo de caixa livre. De acordo com João Abdouni, analista da Levante Corp, as mudanças já eram esperadas pelo mercado logo no início do mandato.
“A empresa passa a ter, como o atual governo gosta de falar, um maior olhar ao social. Dessa maneira, com o preço do combustível abaixo do que o praticado nos anos anteriores e com menor fluxo de caixa para distribuir em dividendos, sendo assim o rendimento de dividendos deve cair. De maneira geral, até aqui as mudanças já estão precificadas e, sendo honesto, até este momento elas ainda não foram tão grandes”, encerrou.

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