(Adriano Machado/Reuters)

Senado aprova PEC que cria benefícios sociais em ano eleitoral

Texto prevê criação e ampliação de auxílios, além de zerar a fila do Auxílio Brasil; custo chega a R$ 41,25 bilhões

EXAME/Por: Alessandra Azevedo
(Adriano Machado/Reuters)

O plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira, 30, o parecer do relator, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria e amplia benefícios sociais em ano eleitoral e prevê estado de emergência no país.

No primeiro turno, o placar foi de 72 votos a favor e um contra. No segundo, de 67 votos a um. Eram necessários pelo menos 49 votos a favor para aprovação. Agora, o texto vai para análise da Câmara dos Deputados, onde também precisará passar por dois turnos de votação.

O único senador que votou contra o texto foi José Serra (PSDB-SP). Segundo ele, a PEC passa por cima de todas as regras fiscais para liberar os gastos bilionários. No Twitter, ele disse que “a PEC dos Combustíveis subverte o regramento fiscal para, de forma abrupta, autorizar despesas temporárias na Constituição”.

O objetivo da proposta é minimizar os efeitos das sucessivas altas no preço dos combustíveis. O texto aumenta o auxílio-gás, cria um auxílio-gasolina para taxistas, amplia o valor e zera a fila do Auxílio Brasil e prevê um “voucher” de R$ 1 mil para caminhoneiros autônomos, que tem sido chamado de “Pix Caminhoneiro”.

As medidas custarão R$ 41,25 bilhões até o fim do ano e serão custeadas por meio de crédito extraordinário, fora do teto de gastos. Criar benefícios sociais em ano eleitoral, como seria o Pix Caminhoneiro e o auxílio a taxistas, no entanto, é proibido por lei. Por isso, senadores da oposição classificam a medida como eleitoreira.

Para contornar essa vedação legal, Bezerra sugere, no texto, a decretação de estado de emergência no país, “decorrente da elevação extraordinária do petróleo e os impactos sociais deles recorrentes”. Nesse caso ou no caso de calamidade pública, a legislação prevê exceção à regra.

Após críticas de senadores sobre o “cheque em branco” que essa ressalva poderia significar, Bezerra fez mudanças no texto para garantir que o estado de emergência será limitado às medidas previstas na PEC. Segundo ele, a PEC não abre espaço para mais aumento de gastos.

Mudanças

Na prática, Bezerra abandonou o texto anterior (PEC 16/2022), que previa compensação aos estados pela redução a zero das alíquotas de ICMS do diesel e do gás de cozinha, o que custaria R$ 29,6 bilhões, e decidiu avançar na PEC 1/2022, uma proposta que trata de benefícios sociais, como o auxílio aos caminhoneiros.

A PEC 1 já estava no Senado desde o início do ano e chegou a ser chamada de “PEC Kamikaze” no Ministério da Economia, pelo alto impacto fiscal, de cerca de R$ 100 bilhões, previsto no texto original. Nesta semana, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apensou (anexou) a PEC 1 à PEC 16, de forma que agora elas tramitam juntas.

Bezerra fez, então, um parecer com base na “PEC Kamikaze”, por considerar que a PEC 16, a PEC dos Combustíveis, “terminou não prosperando” por avaliação do governo e resistências no Senado, disse, em entrevista coletiva na manhã de quarta-feira, 29. Agora, a três meses das eleições, o governo é favorável à ampliação e criação de novos benefícios.

Bezerra afirmou que, com o agravamento da pobreza devido aos desdobramentos da crise econômica pós-covid, o ideal é conceder benefícios sociais diretos às camadas mais vulneráveis da população. “A PEC 1 tinha mais a ver com o espírito que agora dominava dentro do Senado”, disse.

Além disso, verifique

Câmara envia ao Senado projeto que reduz poder do STF

Deputados rejeitaram recurso para levar ao plenário texto que limita decisões monocráticas e impede partidos …